sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A volta à Europa em 83 dias

Nem mel, nem fel.

O fado que nos cantou o sorteio da Champions não é a canção alegre, mas podia ter sido bem mais triste.

Pesam mais as adversidades do que os adversários. Já lá vamos.

Chelsea, Dynamo Kyiv, Maccabi Tel-Aviv.

Será tempo de rever Mourinho, revisitar Kiev e dar um saltinho a Tel-Aviv, onde iremos jogar, mais coisa menos coisa, a 70 quilómetros de Gaza, caso seja preciso alguma inspiração para encarar cada jogo como uma batalha. (Shouldn’t have said that.)

Tendo em conta que estávamos confinados a receber Barcelona, Bayern, Chelsea ou Zenit, os ingleses estão longe de ter sido um péssimo desfecho. Entre defrontar os atuais campeões europeus, a Luftwaffe que nos bombardeou o ano passado, uma equipa que tem Hulk e outra que tem Mourinho, prefiro a última.

Em teoria, o Zenit seria a minha primeira escolha. Foi, até os bombos pararem. Mas ao saber que tínhamos quase um terço de planeta para percorrer entre Ucrânia e Israel, somar-lhe mais uma jornada aérea de mais 8.000 quilómetros não seria profícuo para a equipa e arriscaria consequências no campeonato.

Depois, sejamos francos. Na companhia de monstros como Barcelona e Bayern, o FC Porto estaria, muito provavelmente, condenado a uma luta a três pela única vaga disponível: o segundo lugar.

Já Ucrânia é um clássico. Nos últimos cinco anos anos, quatro viagens. Desta vez não vamos a Donetsk, mas Donetsk estará certamente connosco. (I really should be punished for this.)

Ir a Kiev já em Setembro seria fantástico, não tivéssemos um clássico com o Benfica quatro dias depois. Vamos evitar o rigoroso tempo do leste europeu. Mas teremos de ser igualmente rigorosos na gestão que faremos deste jogo.

Para completar o ramalhete, Tel-Aviv. Sobre o Maccabi, pouco sei. A não ser que Paulo Sousa andou por lá e que já venceram duas Ligas dos Campeões. Da Ásia.

É sempre conveniente apanhar o elo teoricamente mais fraco na cambalhota da fase de grupos -- garante dois jogos consecutivos com elevada probabilidade de vencer. A dúvida é saber se esta equipa será efectivamente o elo mais fraco deste grupo.

Somando tudo isto e parafraseando Lopetegui, será uma fase de grupos complicada. Não apenas pela qualidade dos emblemas, como pela quantidade de milhas que a equipa vai fazer e pelo calendário desfavorável e incompatível com alguns dos momentos chave da época.

Considere-se igualmente que o onze do FC Porto está em obras e ainda está longe dos acabamentos e antevêem-se seis encontros complexos pela frente. Difícil, será sempre. O que não diminui a responsabilidade de passar à fase seguinte. Pese embora esta panóplia de pormaiores que sopram contra corrente, o FC Porto possui para lá de argumentos para estar entre os 16 melhores da Europa.

A aventura começa já a 16 de Setembro e prossegue, pelo menos, até 9 de Dezembro. Serão 83 dias de jornada europeia distribuídas por cerca de 17.000 quilómetros em viagens e uma bagagem carregada de expectativas elevadas e confiança no apuramento para a próxima fase.

Têm a palavra Lope e a rapaziada.


Calendário europeu do FC Porto | 2015/2016 @ zerozero.pt

2 comentários :

  1. Imbicto Drax,

    Creio que é a primeira vez que escrevo por aqui...
    A nossa "sorte" pelo menos no calendário... Nada mal.

    De facto, bolinhas que poderiam ter tido surpresas bem menos agradáveis.

    Imbicto abraço e parabéns pelo espaço! Boa sorte!

    Imbicto Poema

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    1. Caro Imbicto,

      Muito obrigado pelo comentário. Já me rendi às suas prosas e poesias há alguns meses, quando o descobri na bluegosfera ainda como Velho da Constituição.

      Agradeço os parabéns e a visita. É sempre um orgulho sermos lidos por quem lemos regularmente.

      Sobre o nosso sorteio: as bolas já foram mais madrastas connosco de facto. Este ano, foram simpáticas nas escolhas, tendo em conta as alternativas.

      O único aspecto que me aborreceu foi mesmo a viagem a Kiev em véspera de receber o Benfica.

      Mas podia ter sido bem pior!

      Acredito na passagem, inclusive na qualificação no primeiro posto, caso o Chelsea mantenha aquela estranha irregularidade que tem o hábito de apresentar na Europa e o FC Porto consiga cumprir o trabalho de casa.

      Uma vez mais, muito obrigado pela visita e parabéns pela entrevista ao Miguel do Tomo III. Fantástico testemunho e lucidez de ideias. Aquilo sim, são 45 minutos à Porto.

      Abraço de um imbicto leitor!

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