quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O político e o lacaio

O líder do Conselho de Arbitragem da FPF está para o FC Porto como o ministro das Finanças alemão está para a Grécia.

Na Alemanha, Wolfgang Schäuble é o "homem do fraque" do executivo de Angela Merkel. Não gosta de países endividados nem da dívida dos países. E odeia profundamente os que pisam o risco, mesmo quando são empurrados pelo próprio governo alemão.

Na Zona Euro, Schäuble é judeu nas contas e nazi nas regras. É também uma espécie de Robin Hood do avesso, que desfalca o pobre para alimentar ainda mais o rico. Serve o poder central para poder manter o seu enquanto for possível.

Schäuble eufórico em reunião do Eurogrupo.
Exerce um dos cargos de maior responsabilidade na Europa, o que não significa que seja responsável. Na verdade, o ministro alemão tem um problema. Tem dois grandes amores na sua vida: a lei e os números. Mas também gosta de luvas.

No fundo, Schäuble é um político.

Por isso, Schäuble não gosta de gregos; e os gregos não gostam de Schäuble.

Em Portugal, Vítor Pereira não trata das contas da FPF nem da Liga, mas tem baralhado as contas no campeonato nacional.

Também se comporta como "moço de recados" de alguns dos poderes instituídos no futebol português, numa altura em que as principais instâncias, nomeadamente a Liga, estão cada vez mais tingidas doutra cor.

Vítor Pereira lidera um órgão que tem a responsabilidade de garantir transparência às competições nacionais e credibilidade da arbitragem portuguesa, mas promove um sistema de nomeações desequilibrado, que favorece mais uns clubes do que outros e que só denigre a imagem de quem apita.
Vítor Pereira ao telefone.

Numa altura em que o sorteio dos árbitros seria uma medida transitória importante, para preparar o regresso a um modelo de nomeações mais coerente, limpo, devidamente estruturado e isento, Vítor Pereira cravou as unhas na sua bandeira e resistiu debaixo do guarda-chuva da FPF.

Houve quem pensasse que o "cartão alaranjado" fosse suficiente para forçar o actual presidente da CA a realizar menos telefonemas antes de certos encontros, mas não foi. Pelo contrário, fez ricochete. Para alvos bem definidos.

A primeira bala chama-se Fábio Veríssimo.

32 anos, 9 partidas no principal escalão, um ano de primeira Liga, zero jogos dos três grandes. Bela bagagem para o jogo mais complicado da ronda inaugural do campeonato. Belo cartão de visita para um sempre efervescente FC Porto x Vitória SC.

E nem vale a pena falar da "internacionalização" pela porta do cavalo ou do registo de amostragem de cartões do rapaz, que faria Martins dos Santos parecer um árbitro do Tibete. 

Com esta nomeação, camuflada de retaliação, Vítor Pereira mostra que, tal como Schäuble, não possui qualquer sentido de responsabilidade e idoneidade para o cargo que representa. E tal como Schäuble, Vítor Pereira também tem várias paixões na vida, mas nenhuma delas é a arbitragem.

No fundo, Vítor Pereira é um lacaio.

Por isso, Vítor Pereira não gosta do FC Porto; e o FC Porto não gosta de Vítor Pereira.

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