quarta-feira, 9 de setembro de 2015

É para vocês, a pizza?


Enquanto não rola a bola -- a nossa e não a “nossa” -- vamos empanturrando o cérebro com outros prazeres. Alguns comuns, alguns secretos. Como ver ex-primeiros-ministros a sair da prisão com uma indumentária digna de uma noitada na Kapital. Ou assistir impávidos ao bombardeamento de um pobre de um estafeta da Telepizza com perguntas obtusas e bizarras de uma proctologista de elefante mascarada de jornalista. É o que dá recrutar no Urban, cofinenses.

Por falar nesse erário deprimente que é tudo o que tenha chancela Cofina, o ponto alto da semana para o Record terá sido a entrevista ao catedrático. Alto para eles, porque eu vivo num mundo ao contrário. Ainda assim, devo reconhecer que a entrevista teve mais sumo do que eu esperava. Que o catedrático fede a uma sobranceria insuportável já se sabe. Afinal, é apanágio do eterno imberbe. Mas toda essa arrogância vem com um preço, o do orgulho desmesurado, que obriga Jesus a ir 'a todas' e ultrapassar a fronteira do clichê.

O catedrático não prima pelo QI, mas está longe de ser uma mina de lugares-comuns. Se é controverso, ele fala. Se roça o escândalo, ele vai lá. Dificilmente Jesus se desvia de um assunto, para demonstrar precisamente que sabe pensar pela sua própria cabeça. Neste chorrilho de dez páginas, não foi diferente. O besuntas foi caindo, mais ou menos deliberadadamente, nas armadilhas que lhe foram espalhando durante a conversa.

Contou a sua versão da saída do Benfica, falou da saída de Maxi para o FC Porto, abordou a possibilidade de perder Carrillo, admitiu ter ficado preocupado em perder Douglas e Danilo e não se coibiu de relevar algumas das manobras de bastidores do "seu" Benfica, colocando a boca no trombone sobre práticas que só mesmo num pasquim de Lisboa não têm chamada de capa. Falou de plantações, não as colombianas, mas outras de cariz mais estratégico e direccionadas para a arte da manipulação informativa, que apesar de não serem novidade nos meandros, ajudam a antever o que espera ao FC Porto este ano. É bom ver tinta nessas alegações, mais que não seja, como afirma o caro Miguel Lima, para a sempre útil "memória futura".

Houve apenas um assunto que deixou Jesus sem resposta: o FC Porto. Como sempre. Mas mesmo o silêncio é palavra. E o do Jesus foi manifesto. Então não tinhas já chegado ao topo, mestre da (es)tática? Ou estarás a preparar a ressurreição no mesmo lugar onde tantas vezes foste crucificado? És verdadeiramente bíblico.

Já a entrevista do ex-melhor amigo do catedrático, o barão vermelho-e-branco, vulgo bigode soviético, não me suscitou interesse. Se quiser propaganda, leio os folhetos do Lidl.

Propaganda também se vende sob a forma de conivência. O caro Imbicto explica-vos melhor este novo "exercício interessante" de fazer publicidade sem fazer publicidade. Talvez isto elucide por que razão, para alguns jornalistas da circomunicação social, 2+2 são sempre 5. Ou então é uma nova forma de convívio amigável, após uma reunião de agenda entre plantadores e plantados. Era para vocês, a pizza?

Finalmente, ainda sem sair do domínio da Cofina, porque hoje é como aquele dia em que temos de limpar o carro depois do próprio casamento -- ou seja, mexer na merda à grande e à francesa --, Vítor Baía, um guarda-redes de quem guardarei sempre as melhores recordações entre os postes do FC Porto, soma "frangos" atrás de "frangos" fora das quatro linhas. O que é pena. Ainda não compreendi bem se o nosso 99 quer seguir as pisadas de Dani ou se é simplesmente pouco inteligente a filtrar informação. Passe a redundância.

Na melhor das hipóteses, Baía foi equivocado por alguém mal-intencionado. Nem era preciso desmentir a história de um telefonema que nunca podia ter existido neste universo lógico. Irónico: nesta altura da sua "carreira", Vítor Baía tem de saber defender-se a si próprio. Ou corre o risco de cair irreversivelmente no abismo do ridículo. O primeiro passo podia ser abandonar já a Correio da Manha TV. Assim mesmo, sem til. Não há pontuação possível para um antro jornalístico mais rasteiro do que uma húngara.

Prosa leve, porque estou de férias e o meu futebol também. Pelo menos até sábado, quando formos a Aveiro Arouca. Para esmagar tolos e tolinhos.

Até lá, recomendo a mais recente bordoada pública do presidente sem medo. BDC em entrevista à BBC, com o sotaque de uma alheira. Vítor Pereira vai parecer Bernard Shaw depois disto. Beeleeve mii, tragam pipocas que esta pérola vale umas boas gargalhadas em cadeia.

Ah, carai, cadeia não, que eu não estou preso!

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