segunda-feira, 17 de julho de 2017

Afonso de Melo, o cartilhado do i/Sol


Afonso de Melo é um jornalista e escritor vulgar português, que conta com uma longa carreira ao serviço do vieirismo e do nacional-benfiquismo. Mais do primeiro do que do segundo, curiosamente.

Melo acumula duas funções interessantes: além de colunista no jornal "O Benfica" e ocasional comentador da BTV, é o atual editor do desporto dos jornais i e Sol.

Ou seja, é Melo quem decide o que é investigado, dissecado, escrutinado e publicado na secção Desporto dos referidos jornais.

Não surpreende por isso o silêncio profundo de ambas as publicações em relação ao escândalo de corrupção desportiva que despiu o Benfica. O jornal i, por exemplo, sempre muito ávido a investigar as vicissitudes dos poderes nacionais, tem passado ao lado BenficaGate e dos emails como se o assunto não existisse. Conhecido pela capacidade de conceber capas de encher a retina, o jornal tem feito juz à fama e encoberto o assunto como ninguém.

Uma rápida consulta à publicação online mostra uma mão cheia de nada sobre o que realmente tem marcado a atualidade desportiva. Pelo contrário, o jornal mostra-se mais interessado em propagar fait-divers como o de Francisco Geraldes. Ou em destacar as manifestações de carinho do Benfica.

Afonso de Melo, em particular, tem estado nostálgico nas últimas semanas. Nas suas crónicas de opinião, tem-se dedicado à memorabilia, recuperando velhas glórias e episódios da história do futebol e, pasme-se, ressuscitando equipas de quem já nem o tempo se lembra. Tudo, certamente, por falta de assunto.

Apesar de pisar os mesmos corredores da elite encarnada, Melo é um dos cartilhados a quem o seu próprio clube dá pouca importância. Possivelmente, face à falta de expressão que os jornais onde trabalha têm na esfera pública.

Contudo, não deixa de ser um autodidata, aproveitando a posição privilegiada para dar o seu contributo no branqueamento dos crimes do Benfica.

O seu mais recente artigo de opinião, publicado hoje, recupera o episódio mais mediáticos do Apito Dourado: o encontro entre Pinto da Costa e o árbitro Augusto Duarte, o juiz do Beira-Mar x FC Porto, da 31ª Jornada, disputado em Aveiro a 18 de abril de 2004.


Um jogo que, recorde-se, acabou empatado a zero, tendo tido igualmente zero influência no desfecho do campeonato nacional nesse ano. Porém, esse pormaior não foi mencionado no artigo.

Dois dias depois da absolvição de Pinto da Costa e do FC Porto do processo Apito Final, Afonso de Melo decidiu sair de debaixo da pedra e transcrever autos do acórdão sob a forma de crónica de opinião.

Não deixa de ser curioso que tenha sido o mesmo Afonso de Melo que, a 15 de junho de 2016, na BTV, disse não ver "nada de errado" nos emails.

Já todos sabemos como acabou o processo Apito Dourado. O que falta saber (e faltou escrever por Afonso de Melo) é como o mesmo começou e porque parou em Leiria.

Outro dos hobbies favoritos de Afonso de Melo é promover-se como justiceiro de bolso. Viajemos um pouco atrás no tempo. A 7 de junho de 2013, o aguedense de 53 anos escreveu isto:


Dir-se-ia que Melo terá esquecido muita coisa. De que a agremiação que representa é responsável pelos únicos dois homicídios relacionados com futebol em Portugal. Dos "seus" Hugo Inácio e Lué. De Rui Mendes e de Marco Ficini. Da emboscada à equipa de hóquei no Estádio da Luz que deixou Filipe Santos em coma, do autocarro de adeptos do FC Porto incendiado em Lisboa e dos adeptos do FC Porto apedrejados no Jamor na Final da Taça.

Dir-se-ia que foi tudo esquecimento. Mas, na verdade, não foi. Apenas desonestidade, indecência e prostituição intelectual. Atributos em que, aí sim, Afonso de Melo é realmente musculado.


Vejamos novo acto de contorcionismo. Em outubro de 2016, a secção gerida por Melo apressou-se a ilibar o Benfica de qualquer comportamente incorrecto no caso dos vouchers:


Interessante. Em apenas três anos, a opinião de Melo sobre a oferta de refeições a árbitros mudou radicalmente:


Afonso de Melo tem tido dias complicados. Desde o final do ano passado que tem perdido a voz para muitas matérias. Hoje, teve um espasmo, um assomo de justiceirismo neo-encarnado, próprio de quem quer a rua limpa mas não olha para o lixo que tem em casa.

Pode ser que alguém repare nele. Para quem já nasceu cego e invertebrado, estar mais do que morto deve ser uma condição difícil de aceitar.


1 comentário :

Comenta com respeito e juízo. Como se estivesses a falar com a tua avó na véspera de Natal.