Não adianta andar a dar voltas ao peixe no prato, porque vamos ter de o comer. O FC Porto jogou mal e perdeu bem. Jogou mal porque Sérgio Conceição se colocou a jeito, invocando uma opção técnica bizarra que ou esconde um conflito interno ou expõe a jesuíta presunção de cunhar os grandes jogos com notas de autor. Perdeu bem porque o RB Leipzig foi superior em quase toda a linha. A margem mínima é mesmo o único conforto de um jogo que descambou cedo e podia ter terminado pior. A derrota em Leipzig nada compromete, mas intrinca as contas de um grupo onde qualquer equipa pode ganhar a qualquer equipa. Vale que temos dois jogos Dragão -- o verdadeiro, não a cópia alemã -- e isso pode ser determinante para garantir o bilhete que resta para os oitavos. Sim, o do Besiktas já ninguém lho tira.
Óliver: Embora fosse mais baixo do qualquer médio em jogo quando entrou, Óliver trouxe água fresca, estabilidade e bola ao meio-campo portista. Foi o homem certo na altura errada, pois os seus passes geométricos encontraram os companheiros já em declínio físico e anímico. Acima de tudo, fica patente que Óliver, não sendo insubstituível, é singular na equipa. Se a ideia é ter mais bola, ser menos vertical e mais soberano no centro, o espanhol tem de lá estar. Se o plano é ser mais rápido na transição, objetivo e ultra-vertical, o espanhol tem de sair. Não existem é receitas permanentes e ontem pedia-se mais da primeira do que da segunda.
Meio-campo inoperante: O jogo de ontem ficou inevitavelmente marcado pelo arranque em falso, que enervou toda a equipa, mas o golo do empate - caído do céu - foi uma oportunidade desaproveitada para começar de novo. A somar a uma defesa já tremida, o meio-campo dos primeiros 60 minutos foi incapaz de colar sectores e ganhar segundas bolas, com Danilo a tentar apagar os incêndios que deflagravam à sua volta com apenas um balde de água e Sérgio Oliveira sem andamento nem poder de choque para ganhar duelos aéreos. Já Herrera demorou 45 minutos a decidir se queria ser um 8 ou um 9,5. Acresce dizer que os alemães também foram tacticamente superiores e pareciam conhecer (bem) melhor o FC Porto do que o FC Porto a eles.
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Só uma nota, sobre a forma de abordagem dos "dois pesos-pesados": não se deve pensar assim, só pode haver um líder que é o treinador. Nem o jogadar com mais estatuto se pode pretender comparar ou fazer substituir ao líder. Isso deve ser "sagrado". De resto, muito de acordo, como é hábito.
ResponderEliminarConcordo contigo nisso. Não coloco Iker no mesmo patamar de Sérgio Conceição. Usei a expressão como barómetro de personalidade, não de hierarquia, porque ambos me parecem demasiado alpha para resoluções suaves. É esperar que isto fique rapidamente sanado.
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